De volta as opções! Derivativos e o booster reverso...

Como espero ficar com mais tempo livre no segundo semestre de 2024, estou arrumando algo para ocupar a cabeça, decidi estudar um pouco sobre opções e devo alocar cerca de 10% do meu patrimônio para fazer algumas operações com opções de venda, as famosas PUTs.

Quando falo alocar 10% do meu patrimônio, eu já tenho uma parte do patrimônio que fica dormindo no CDI a espera de oportunidades nos negócios imobiliários, a intenção é utilizar até 10% do patrimônio como cobertura para os casos que eu seja executado nas PUTs.

Regra 0: Nunca vender PUT sem ter 100% do capital de cobertura disponível. 

Vou começar no sapatinho, então a primeira regra é me arriscar somente com ações que eu realmente quero colocar na carteira.

Regra 1: Montar operações apenas nas ações que eu compraria normalmente.

Compartilho um exemplo, com uma ação que anda bem apagada, a Ambev.

Isso não é uma recomendação, eu não tenho conhecimento nenhum do mercado financeiro, então não tome nada que vou compartilhar aqui como algo viável e muito menos inteligente!

Eu preciso comprar Ambev, pela indicação da planilha que aponta onde eu devo aportar e vou comprar 1000 ações, vou começar a fazer aportes somente entre 10 e 15k, se houver liquidez nas opções vou lançar mão da seguinte operação.

Vou vender 2k de PUT na série corrente ATM.

Vou comprar 1k de PUT em séries seguintes OTM.

O que isso significa com dados mais práticos:

- Vendo 2k de ABEVO135, Strike R$ 12,90, Prêmio R$ 0,25;

- Compro 1k de ABEVP145, Strike R$ 13,26, Prêmio R$ 0,46;

Nessa operação eu vou embolsar R$ 40,00 na montagem da operação, e a expectativa é que no vencimento da série O, se a cotação ficar um pouco acima de R$ 12,90 eu fature cerca de R$ 440,00; se a ação subir demais tudo vira pó e eu fico somente com os R$ 40,00 e o ‘risco’ menor, se a cotação ficar pouco abaixo dos R$12,90 eu vou precisar comprar 1k de ABEV3 a R$ 12,54.

O maior risco dessa operação é o ativo principal, ABEV3, desabar muito, mas se ele cair pouco eu vou acabar comprando por um preço muito melhor do que a cotação de hoje (21/02) R$ 12,90.

Essa operação é chamada de booster reverso, compartilho o nome da operação para facilitar a pesquisa de como ela funciona em fontes onde realmente existam especialistas falando do assunto.

Num primeiro momento isso parece algo complexo, de verdade é, precisa entender os fundamentos de uma PUT e fazer algumas contas para entender o motivo de comprar a R$ 12,54 no caso de ser exercido.

O gráfico abaixo ajuda a entender o comportamento da operação (linha verde é o payoff, na horizontal a cotação da Ambev e na vertical o resultado):

Fonte do gráfico: https://opcoes.net.br/

Passo a passo sendo exercido (cotação Ambev abaixo de R$ 12,90)

Vou tentar explicar mais ou menos quais são os passos momentos antes do exercício da série O para a situação que o ativo está abaixo de R$ 12,90.

O valor de strike da opção ABEVP145 é maior que o valor da opção ABEVO135, o valor intrínseco é maior, P145 strike a R$ 13,26 e tempo até o vencimento, a O135 strike R$ 12,90.

Então eu vendo 1k de P145 (eu havia comprado 1k de P145) zero a posição é recebo o valor do prêmio.

Depois compro 1k de O135 (eu havia vendido 2k de O135) vou reduzir a posição vendida em 1k.

Nesse movimento eu vou embolsar ~R$0,36 por opção, o que dá um total de R$ 360,00. Esses R$ 0,36 são diferença entre os strikes das duas opções.

E vou ser exercido em 1k de O135, portanto vou comprar 1000 ações a R$ 12,90 cada.

Descontando os R$ 0,36 por ação da venda de P145 e compra da O135, o resultado é a compra por R$ 12,54 por ação, num total de R$ 12.540,00.

Ponto positivo, se tivesse comprado a ação hoje (21/02) eu pagaria R$ 12,90, vou pagar 2,7% mais barato pagando R$ 12,54.

Reforçando o principal risco dessa operação e a ação da Ambev despencar, pois como resultado eu vou comprar a ação a R$ 12,54 e se ação cair muito, lá para os R$ 5,00, por exemplo, o preujízo é pesado.

Passo a passo sem exercício (cotação Ambev acima de R$12,90)

Acho que pouca gente vai chegar até essa parte do post, mas como exercício de aprendizado vou descrever o que acontece no vencimento da série O se ação da Ambev estiver um pouco acima de R$ 12,90.

Os 2k de O135 virarão pó, então recebo os R$ 500,00 de prêmio integralmente.

O 1k de P145 eu preciso vender, eu havia pagado R$ 0,46 por opção, um total de R$ 460,00, provavelmente o prêmio dessa opção vai estar na casa dos R$ 40,00, então vou receber uns R$ 400,00 na venda, ficando um prejuízo de R$ 60,00.

O resultado é + R$ 500,00 (O135) e – R$ 60,00 (P145), um lucro de uns R$ 440,00.

Pontos positivos nesse caso, o dinheiro de cobertura para essa operação rendeu no CDI, vamos colocar o valor de R$ 12.900,00 que é a garantia necessária em caso de exercício. Esse dinheiro que ficou no CDI, vai ter qualquer 0,3% ou 0,4% de rendimentos oriundos do CDI.

Os R$ 440,00 de lucro, representam 3,4% do valor de cobertura, nada mal cerca de 3,8% de rentabilidade em 17 dias úteis.

O risco aqui é a Ambev valorizar muito, como eu não comprei o papel eu fico de fora da alta, porém no meu caso um atenuante é que já tenho uma boa posição em Ambev, então ainda teria um bom capital aproveitando essa grande alta.

Qual o motivo de eu entrar nessa confusão?

Em resumo, decidi começar fazer esse tipo de operação para tentar gerar mais renda sem aumentar muito meu risco, no caso de Ambev eu já tenho várias ações e é a ação da vez para o aporte, então eu correria esse risco naturalmente no Buy & Hold, o risco de ter o ativo e ele despencar.

Portanto os riscos que eu estou adicionando são o de ficar um pouco de fora no caso do uma grande valorização e o risco operacional, que é a chance de fazer cagada na hora de mexer com esses ativos, compras e vendas com essa sopa de letrinhas.

Escrever este post é parte do aprendizado que está em curso e quem tiver pedras para atirar, por favor, fique à vontade para atirá-las. Ser questionado e pensar para responder os questionamentos e críticas ajuda a fortalecer o processo de descoberta e as vezes ajudar a me livrar de alguma furada maior.

No verão tem vários dias sem ondas... talvez esse seja o problema!